quinta-feira, 26 de abril de 2012

NOVO CÓDIGO FLORESTAL: VERGONHA OU VITÓRIA?


Anistia. Dia da vergonha. Retrocesso da legislação ambiental. Vitória dos ruralistas e do poder econômico. Escalada do desmatamento. Dilapidação do patrimônio natural. Descumprimento de metas de clima e biodiversidade. Vexame na Rio+20. Flagrante desrespeito à ciência. Urgência do veto presidencial. Essas são algumas das expressões utilizadas pela grande maioria da mídia, por quase todas as ONGs, vários deputados e senadores e outras pessoas sobre a votação final do Código Florestal na Câmara.
Após quase uma década de discussões, em que todos os setores interessados puderam expor seus pontos de vista - ONGs, movimentos religiosos e sociais, academia, representantes de entidades científicas, produtores, políticos (inclusive de outros países) - a despeito de quem defenda o contrário, rotular o novo Código Florestal de catástrofe ambiental reflete a visão de quem não aceita concessões e queria vencer a guerra mantendo o código de 1965.
Diálogo - O problema dessa postura de ganhar ou perder é que ela não cabe numa discussão dessa magnitude. Rever de forma democrática uma lei tão relevante para o País exige diálogo, construção de consensos sobre temas incrivelmente sensíveis como é a consolidação de atividades produtivas em certas Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a importância de sua recomposição em outros casos.
A nova lei, que não pode tratar somente de conservação florestal sob pena de cair no erro histórico de não disciplinar e organizar o uso da terra, é fruto de uma intensa negociação, em que cada grupo de interesses teve de fazer concessões. A leitura derrotista parte da premissa de que era preciso exigir as obrigações do código atual, ou seja, a recuperação integral de todas as APPs e a recomposição das áreas de Reserva Legal (RL) nas próprias fazendas, tirando áreas produtivas.
Curiosamente, a demanda por revisar o Código Florestal significava justamente alterar uma lei antiga, difícil de ser cumprida, que não ajudava o Estado a controlar de forma eficaz o desmatamento ilegal e não trazia incentivo algum para quem conserva florestas. Exigir a recomposição de 100 milhões de hectares de RL e APPs, como prevê o código atual, é factível diante da realidade de nosso País?
Regularização - A resposta para essa pergunta reflete, em grande parte, as bases do novo código. Afinal, se fosse para manter as regras atuais, a famigerada reforma não seria necessária. É crucial destacar que as duas obrigações centrais de conservação de vegetação nativa - APPs e RLs - continuam a existir. O que mudou foi a forma de regularizar propriedades que já estavam vivendo em não conformidade.
De agora em diante existem três situações: 1) quem já tem áreas com florestas para APP e RL deverá mantê-las, bem como quem adquirir novas áreas; 2) quem possui passivos terá alternativas para cumprir, e aqui se situa o enorme desafio da regularização ambiental de quase 90% das fazendas brasileiras; e 3) quem desmatou depois de julho de 2008 não terá alternativas senão cumprir as regras das APPs e Reserva Legal, sem exceções.
Produtores que desmataram APPs até julho de 2008 terão de recuperar no mínimo 15 metros ao longo dos rios de até 10 metros e essa recuperação não ultrapassará o limite da RL nas propriedades de até quatro módulos fiscais e da agricultura familiar. Além disso, para continuar usando a área, os produtores deverão adotar critérios de proteção do solo e da água que serão aprovados pelo Poder Executivo. Isso significa que haverá recuperação de APPs, ponto mais sensível de toda a negociação do novo código.
APPsÉ importante frisar que os 15 metros de recuperação de APPs ripárias é um limite mínimo, que poderá ser ampliado pelos Estados por meio dos Planos de Regularização Ambiental. Caso o texto aprovado não adotasse uma recuperação mínima, poder-se-ia falar em consolidação total e anistia como sustentam certos argumentos.
Para a RL, que continua a mesma (80% com possibilidade de redução para 50% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% nas demais regiões), ao invés de ter de recompor na mesma propriedade ou compensar na mesma microbacia, o que é extremamente limitante, o produtor poderá optar por recompor na própria fazenda ou arrendar/comprar áreas de vegetação nativa relevantes para a biodiversidade no mesmo bioma. É fundamental destacar que as áreas que farão parte do mercado de compensação são as que vão além das obrigações de APP e RL, ou seja, que poderiam ser legalmente desmatadas.
O argumento de que a RL na Amazônia caiu de 80% para 50% é correto, mas ninguém fala que a regra do código vigente já permitia essa redução, como é o caso dos Estados do Amazonas e do Pará.
Na prática, a aprovação dessas alternativas para cumprir a nova lei exige que os produtores não desmatem novas áreas. Como a grande maioria precisará se regularizar não é plausível enxergar uma retomada explosiva de desmatamentos como se alega. Caso o desmatamento seja ilegal, deverá ser coibido nos termos da nova lei, que reflete as mesmas obrigações do código de 1965, pois serão desmatamentos ocorridos depois de 2008.
Cadastro - Como base para a regularização, o Estado deverá aprimorar o Programa Mais Ambiente, que será chamado de Cadastro Ambiental Rural (CAR). Partindo do princípio de que todas as propriedades serão cadastradas, com fotos de satélite de alta resolução compradas pelo Ministério do Meio Ambiente, o governo e a sociedade terão clareza sobre o quanto de APPs e RL o Brasil possui, e o quanto deverá ter nos próximos anos com base na regularização.
Isso implica, de um lado, papel do Estado em gerir e monitorar desmatamento, o que é fundamental. De outro, permitirá separar os produtores que se regularizaram, e, por isso, terão prestado um serviço ambiental, o que refuta a tese da anistia, daqueles que ainda estão em débito e deverão sofrer as penas da lei.
É intrigante ver que, em vez de pensar o CAR como ferramenta estratégica, vários argumentos contestaram a desobrigação de postar todas as informações na internet, o que seria uma exposição pública desnecessária e até ilegal. O importante é que os órgãos ambientais tenham as informações, que de forma agrupada serão repassadas para a sociedade.
Vegetação nativa - Há inúmeros benefícios do texto, ao contrário de falácias e argumentos que pintam um cenário de caos ambiental à véspera da Rio+20. O Brasil possui mais de 60% de vegetação nativa e cerca de 250 milhões de hectares destas áreas estão nas fazendas brasileiras. Esse incalculável ativo ambiental não é vergonha para ninguém, e sim, uma vitória diante de um mundo devastado.
O Brasil ganha uma lei realista, que poderia ser aprimorada em certos pontos, mas que permitirá consolidar o desafio da conservação ambiental e da expansão sustentável da agricultura. A demanda pelo veto, lastreada no sentimento de derrota, mostra que tem gente que não aceita revisitar a lei velha e ineficaz, a fim de construir uma nova, moldada pela realidade brasileira, que incentive a regularização ambiental e reforce o combate ao desmatamento ilegal. Felizmente o bom senso prevaleceu, e entendo que será essa a visão da presidente Dilma.

Rodrigo C. A. Lima,gerente-geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), é pesquisador da Rede de Conhecimento do Agro Brasileiro (RedeAgro). E.mail: rlima@iconebrasil.org.br 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

ORLANDO CIDADE REIVINDICA MELHORIAS NO DEFESO DO PIRARUCU


Em seu pronunciamento à tribuna, o Deputado Orlando Cidade parabenizou o jornal A Crítica pelos seus 63 anos de existência e pela criação do Partido Trabalhista Nacional (PTN). O parlamentar também falou sobre as normas estabelecidas pelo IBAMA para o defeso do pirarucu que prejudicam o homem do interior. “Na essência da lei, o defeso dura seis meses. No Amazonas ele dura o ano inteiro, em virtude do risco de extinção resolveu proibir a pesca e captura do bacalhau da Amazônia por tempo indeterminado“, argumentou.
Para o deputado, o alto preço cobrado pelo quilo do pirarucu tem afastado o pescado da mesa do homem do interior. “O povo que mais consome peixe no Brasil é o caboclo amazônida”, disse.
Cidade afirmou que já viu várias vezes o Batalhão de Polícia Ambiental apreender vários quilos de pescado em Manacapuru. O parlamentar acredita que como a pesca do pirarucu pode ser feita apenas nas áreas de reserva, o preço estipulado pelo quilo desse produto ficou estabelecido em R$ 45, o que se configura numa verdadeira preciosidade para as pessoas menos favorecidos. “Como esse pessoal, o caboclo do interior, pode comer o piraruru com o preço estabelecido a R$ 45?”, indagou.
O deputado disse que irá solicitar a regulamentação da Lei Complementar nº 140, de 8 de Dezembro de 2011, que trata sobre o licenciamento ambiental. “Passados vários anos sem que esse peixe tenha sido capturado, é fundamental que a lei que normatiza sua pesca seja regulamentada, para que o homem do interior possa ter acesso, novamente, a essa iguaria em suas mesas”.
Orlando Cidade finalizou seu discurso afirmando que é necessário comercializar os peixes oriundos da região desde que seja de maneira sustentável.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

JOGO SUJO, LITERALMENTE

Por Valmir Lima*



Chama a atenção uma faixa entendida em um posto de combustível da Alameda Cosme Ferreira, em Manaus, dando publicidade ao Diesel S50. Para o posto, trata-se apenas de peça publicitária de um novo produto. Para quem sabe o que representa o Diesel S50, no entanto, a faixa representa o atraso da cidade símbolo do meio ambiente para a Copa do Mundo de 2014 no quesito ‘uso de combustíveis mais limpos’.

O Diesel S50 é combustível mais refinado e menos poluente que Petrobras tardiamente passou a fabricar nos últimos quatro anos e que a Agência Nacional de Petróleo (ANP), desde 2009, passou a exigir o uso, mas em apenas parte dos municípios brasileiros. Tardiamente, porque na Europa e nos Estados Unidos o diesel já tem um padrão de qualidade mais elevado, portanto, menos poluente. No Brasil, a partir de 2013, mais de 700 municípios serão obrigados a comercializar o Diesel S10, ainda menos poluente que o S50.
O que muda, basicamente, no processo refino do diesel menos poluente é a redução de enxofre emitodo pelos motores que o utiliza. O S50 é um combustível com teor de enxofre máximo de 50 mg/kg. O Diesel do futuro, o S10, portanto, terá cinco vezes menos enxofre do que o S50, que ainda nem é utilizado em Manaus. A maioria dos postos do Amazonas, o “Estado mais verde do País”, utiliza o pesadíssimo Diesel S1800, com teor de enxofre máximo de 1800 mg/kg. Existe no mercado, também, o Diesel S500, com teor de 500 mg/kg.
E por que a ANP está obrigando o uso do diesel com baixo teor de enxofre? Ora, porque a emissão de fumaça dos veículos que utilizam diesel representa um veneno para a saúde da população. A queima de combustíveis fósseis pelos motores altera o ciclo natural do enxofre e afeta plantas e animais, mas é nos seres humanos que os efeitos mais aparecem, prejudicando os pulmões e aumentando os casos de bronquite crônica.
De acordo com a Petrobrás (informações no site), o diesel S50 foi desenvildo para atender à nova frota de veículos com tecnologia EGR (Recirculação de Gases de Exaustão) e SCR (Redução Catalítica Seletiva) e permite uma redução de até 80% da emissão de material particulado.
Em capitais do eixo Sul/Sudeste (Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo), as frotas cativas de ônibus são obrigadas, desde 2009, a utilizar exclusivamente o Diesel S50. Em Manaus, a frota nova de ônibus nem veio adptada para receber o novo combustível e nem o utliza (mesmo sem a tecnologia EGR/SCR, o veículo pode utilizar o diesel menos poluente).
As autoridades ambientais, neste caso, podem se agarrar às normas para justificar o injustificável. A Resolução 42/2009 da ANP não obriga o Amazonas a utilizar esse combustível. E é verdade. Obriga cinco municípios do Pará, mas nenhum do Amazonas. A Resolução 65/2011 aumenta para seis os municípios do Pará obrigados a usar exclusivamente o S50 e, a partir de janeiro de 2013, o S10, mas o Amazonas, mais um vez está fora da lista.
A ‘cidade verde’ que concentra mais da metade da população do Estado pode e usa um diesel 36 vezes mais polunte. E não se ouve uma voz contra. Nossas autoridades ou não entendem nada de meio ambiente ou estão fazendo jogo sujo, literalmente.

·        ·         Valmir Lima é blogueiro e articulista do jornal Diário do Amazonas

sexta-feira, 13 de abril de 2012

DEPUTADO COBRE INVESTIMENTOS PARA A PISCICULTURA AMAZONENSE

Na manhã de hoje, durante pronunciamento na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), o deputado estadual Orlando Cidade (PTN) cobrou mais ações do governo federal relacionadas à piscicultura local. Segundo o parlamentar, grande rede de supermercados brasileira importou do Vietnã cinco mil toneladas de pescado, alimento que o Amazonas, segundo ele, tem capacidade de produzir caso receba investimentos necessários.
De acordo com Cidade, o Amazonas está em desvantagem em relação aos outros Estados por conta de uma rígida legislação ambiental e falta de investimentos, situações que impede o desenvolvimento da criação de peixes de forma sustentável em território amazonense. “Precisamos que as leis sejam revistas e mais apoio financeiro para a piscicultura. Hoje, grande parte do pescado que abastece o mercado local é oriundo do Pará, Roraima, Rondônia e até de outros países, como é o caso do Vietnã. Isso é inadmissível, pois somos os maiores consumidores de peixe do país e temos condições suficientes para produzir o alimento em larga escala”, observou.
O deputado destacou ainda que já solicitou ao governo do Estado, por meio de indicação, que seja solicitado ao Banco Nacional do Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) recursos de R$ 320 milhões para serem empregados na piscicultura amazonense, porém até o momento ainda não obteve resposta sobre o pleito. “O Acre já garantiu R$ 220 milhões para a atividade e precisamos garantir recursos também para o Amazonas”, relatou.
O parlamentar assegurou ainda que o Amazonas tem potencial para ser o maior produtor de peixes do país, além de contribuir para que o país se torne o maior exportador de pescado do mundo. “Atualmente o Brasil é o maior exportador de frango do mundo, potencial que também pode ser estendido para o pescado. Mas, para que isso ocorra, uma série de ações voltadas para a atividade ainda devem ser realizadas e diante dessa possibilidade, contamos com a colaboração dos governos”, finalizou.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

SEMMAS FAZ REPLANTIO EM ÁREA DEGRADADA POR INVASÃO NO TARUMÃ


A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) realizou nesta quinta-feira (12), o plantio de 490 mudas numa área de aproximadamente 200 metros de comprimento, na Estrada do Tarumã, de onde em meados de fevereiro foram retirados 28 barracos de uma invasão.
A área recebeu mudas de 12 espécies nativas da Amazônia, entre florestais e frutíferas, que deverão ajudar no processo de regeneração da vegetação que havia na área.
De acordo com o diretor de Arborização da Semmas, Heitor Liberato, além do plantio, será feito ainda um trabalho de recomposição do solo, com a colocação de camadas de composto orgânico em toda a extensão do terreno.
“O objetivo é enriquecer e recuperar o solo, facilitando o desenvolvimento das mudas plantadas e ajudar a regeneração natural daquele solo, onde certamente existem sementes esperando germinar”, explicou Liberato.
Na ocasião, os técnicos da Semmas plantaram mudas de andiroba, seringueira, cumaru, castanheiras, açaizeiro, bacaba, biribá, fruta-paão, jatobá, ingazeira e cupuaçu.

Fonte: Amazonas em tempo

Manaus sedia Conferência Latino Americana sobre Meio Ambiente


Os novos rumos da sustentabilidade serão o foco dos debates da Semana Ambiental promovida pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN). O encontro acontecerá na Assembleia Legislativa do Amazonas entre os dias 16 e 22 deste mês. Como parte da programação, no dia 19 será realizada a 6ª Conferência Latino Americana de Preservação ao Meio Ambiente.
Durante a semana, uma equipe multidisciplinar do IBDN distribuirá cartilhas na rede pública de ensino e ministrá palestras em universidades. O evento também divulgará soluções tecnológicas aos empresários e representantes do Poder Público.
No dia 19, o IBDN entregará Certificado de Mérito Ambiental 2011 às empresas e personalidades que desenvolvem projetos na área socioambiental. Na ocasião, o canal de TV Amazon Sat receberá o “Selo de “Empresa Neutra de Carbono” e o selo “Empresa Parceira da Natureza”.
No domingo (22), Dia Mundial da Terra, o evento reunirá empresas no Parque do Mindú a partir das nove horas. No Anfiteatro, será mostrado o projeto “Atitude limpa”, que promove educação ambiental ao recolher resíduos em praças, parques, praias, entre outras áreas.

Conferência

Evento idealizado pelo IBDN desde 2002, a Conferência Latino Americana de Preservação ao Meio Ambiente serve como painel de soluções, onde os centros acadêmicos divulgam novas tecnologias desenvolvidas para o desenvolvimento sustentável. O evento tem a duração de uma semana.
Mediado pelo deputado estadual Luis Castro, o evento contará com a presença do Presidente Nacional , Rogério Iório, do articulista Cássio dos Santos Peixoto e da titular da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Nádia Ferreira.


Eliena Monteiro - jornalismo@portalamazonia.com    

quarta-feira, 11 de abril de 2012

No Amazonas é assim!

                                                                                     Valentim