quarta-feira, 7 de março de 2012

A produção de juta no Amazonas


MANAUS - Uma das principais fibras têxteis produzidas no Amazonas é a juta. Voltada para embalagens de gêneros como açúcar, café, farinha, arroz, batata, feijão e grãos em geral, a juta tem sua origem na Índia e em Bangladesh. Ela foi introduzida no Brasil em 1930, com a chegada de uma missão japonesa, chefiada por Tsukasa Oyetsuka.

Esta missão veio ao Brasil por ordem do Governo Japonês, que havia assinado um contrato em março de 1927 com o Governo do Amazonas, onde este concedia 1 milhão de hectares de terras. O objetivo era estudar, inspecionar e selecionar as terras a serem demarcadas. Concluída a missão, Oyetsuka comprou um lote de terras no encontro das águas do Paraná dos Ramos com o Rio Amazonas, na Vila Amazônia, perto da cidade de Parintins.

As primeiras sementes de juta foram plantadas em uma fazenda experimental da Vila Amazônia, mas não davam certo. Até que em outubro de 1933, um colono chamado Riota Oyama encontrou dois pés de juta em seu sítio, localizada na várzea. Como elas estavam em uma área onde o nível da água estava muito alto, Oyama precisou transplantá-las em outro local. Por causa disso, uma delas morreu. Da outra foram feitas sementeiras. Em 1937 obteve-se as nove primeiras toneladas de juta. Tinha início a produção de uma das maiores economias do estado do Amazonas.

A Vila Amazônia entra, então, em fase de crescimento, graças às plantações de juta. Havia armazéns, escolas e hospital.

J. G. Araújo

 
Com o início da Segunda Guerra, o Brasil cortou as relações diplomáticas com o Japão. O 27º Batalhão do Exército Brasileiro dirigiu-se para Vila Amazônia com o intuito de prender todos os japoneses que ali se encontravam. Em setembro de 1942, a Companhia Industrial Amazonense foi desapropriada pelo governo e, em abril de 1946, os patrimônios da CIA passaram a ser leiloados e adquiridos por uma empresa sediada em Manaus, a CIA J. G. Araújo S.A., de processamento de juta, beneficiamento de arroz, fabricação da farinha de mandioca e serraria.

Toda a produção de juta do Amazonas passou a ser enviada à Fabril Juta, montada por J.G.Araújo em Parintins. Mas, a empresa fechou em 1967, deixando sem renda os trabalhadores e produtores que sobreviviam da juta.

Produção

Hoje em dia no Amazonas, a juta é cultivada nos municípios de Manacapuru, Caapiranga, Anamã, Beruri, Iranduba, Itacoatiara, Manaquiri, Parintins, Careiro da Várzea, Coari e Codajás. Segundo a Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), a produção é em torno de 12 mil toneladas de juta, sendo que a maior região produtora é Manacapuru. O quilo da fibra é vendido por R$ 1,32.

O maior problema do Amazonas é a concorrência com as sacarias originárias da Índia e de Bangladesh, que apresentarem custos menores e receberem subsídios governamentais de 35% para exportação. Os produtos asiáticos chegam ao Brasil com preços bem inferiores aos nacionais.

Café

O Grupo CIEX (Jutal), que atua desde 1936 em Manaus, produz 250 toneladas de juta por mês. São 400 funcionários trabalhando na empresa que vende os sacos de juta, principalmente para os produtores de café no interior de São Paulo e sul de Minas Gerais. A empresa também exporta a sacaria para os produtores de castanha na Bolívia.

“No período de safra da juta, que ocorre de fevereiro a agosto, a empresa chega a produzir 350 toneladas”, explica o diretor-presidente da Ciex, Davis Benzecry.

Para Davis a produção de juta desempenha um papel de grande importância na manutenção do homem no interior do Estado. “A cadeia de juta gera empregos formais, as pessoas que vivem no interior”, fala.

Davis comenta que “este trabalho também permite que jovens e não tão jovens possam trabalhar neste emprego, que exige basicamente habilidade manual”. Ele diz que 123 funcionários da Jutal tem acima de 50 anos.

Sobre a juta

A Juta (Corchorus Capsularis) é um arbusto de cerca de 3 m de altura cultivado nas regiões ribeirinhas da Amazônia. De seu caule origina-se uma fibra têxtil utilizada na fabricação de inúmeros produtos usados no nosso dia a dia. Seu florescimento acontece de 4 a 5 semanas depois de semeada, iniciando-se imediatamente a colheita e a maceração, feita no próprio rio. Sua cultura é auto-sustentável e renovável anualmente, não sendo necessários defensivos, fertilizantes, queimadas ou desmatamento de novas áreas.

Os nutrientes necessários para seu crescimento vem do próprio humus do rio. Chamada também por alguns como estopa ou aniagem, ela produz um fio muito resistente, onde são produzidos diversos tipos de telas, incluindo a sacaria de batata. O processo de fabricação passa por 3 setores principais, fiação, tecelagem e acabamento, cada qual com seus maquinários.

Todos os manufaturados de juta são produtos biodegradáveis. Por esta razão, a juta é considerada a fibra do futuro.

As melhores qualidades de juta distinguem-se pela robustez das fibras e pela cor branca e brilhante do talo; as qualidades inferiores distinguem-se pela cor dos talos, que são mais escuros, pelo menor comprimento das fibras, de cor mais acinzentada, e tem menor resistência.
Fonte: Amazônia em pauta

Nenhum comentário:

Postar um comentário